Produção Textual - 1º semestre / 2014

No link abaixo há o relatório anual, onde pode-se ler os projetos realizados pelo bolsistas e etc.

Relatório Anual - 2014

O link abaixo tem como conteúdo o fichamento do livro A Identidade Cultural Pós-modernidade, de Stuart Hall.


FICHAMENTO - Stuart Hall



O link abaixo nos permite acessar uma autoavaliação preenchida pelos bolsistas:


Auto Avaliação


Este link irá lhes permitir ter acesso ao fichamento das ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO – LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS


Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias





PRODUÇÃO TEXTUAL,
ANÁLISE DE GÊNEROS
E COMPREENSÃO

Luiz Antônio Marcuschi



2 – GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO DE LÍNGUA


2.1 O estudo dos gêneros não é novo, mas está na moda ( pp: 147-149)

“A expressão ‘gênero’ esteve, na tradição ocidental, especialmente ligada aos (gêneros literários, cuja análise se inicia com Platão para se firmar com Aristóteles, passando por Horário e Quintiliano, pela Idade Média, o Renascimento e a Modernidade, até os primórdios do século XX). Atualmente, a noção de gênero já não mais se vincula apenas à literatura, como lembra Swales (1990: 33), ao dizer que ‘hoje, gênero é facilmente usado para referir uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, como ou sem aspiração literárias’. É assim que se usa a noção de gênero textual em uma etnografia, sociologia, antropologia, retórica e na linguística. É nesta última que nos interessa analisar a noção de gênero.”

(a)    “aquele que fala;”
(b)   “aquilo sobre o que se fala e”
(c)    “aquele a quem se fala.”

“Assim, a análise de gêneros engloba uma análise do texto e do discurso e uma descrição da língua e visão da sociedade, e ainda tenta responder a questões de natureza sociocultural no uso da língua de maneira geral.”

2.2 O estudo dos gêneros mostra o funcionamento da sociedade ( pp:149-150)

“Um fato social é aquilo em que as pessoas acreditam e passam a tomar como se fosse verdade, agindo de acordo com essa crença.”

“(...) cada gênero textual tem um propósito bastante claro que o determina e lhe dá uma esfera de circulação. (...) todos os gêneros têm uma forma e uma função, bem como um estilo e um conteúdo, mas sua determinação se dá basicamente pela função e não pela forma.”

“(...) formas culturais e cognitivas da ação social.”

2.3 Algumas perspectivas para o estudo dos gêneros ( pp:151-152)

(a) “perspectiva sócio-histórica e dialógica (Bakhtin);”
(b) “perspectiva comunicativa (Steger, Gülich, Bergmann, Berkenkotter);”
(c) “perspectiva sistêmico-funcional (Halliday): análise da relação texto e contexto, estrutura esquemática do texto em estágios, relação e cultural e gênero como realização do registro (Hasan, Martin, Eggins, Ventola, Hoey, Dudley-Evans);”
(d) “Maior preocupação com a escrita do que com a oralidade.”
(e) “perspectiva interacionista e sociodiscursiva de caráter psicolinguístico (...)”
(f) ...
(g) perspectiva sociorretórica/ sócio-histórica e cultural.

2.4 Noção de gênero textual, tipo textual e domínio discursivo ( pp:153-161)

“Isso porque toda a manifestação verbal se dá sempre por meio de textos realizados em algum gênero. Em outros termos, a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual.”
“Quando dominamos um gênero textual, não dominamos uma forma linguística e sim uma forma de realizar linguisticamente objetivos específicos em situações particulares.”

  1. “Tipo textual designa uma espécie de construção teórica.”
  2. “Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composição funcionais objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas.”
  3. “Contexto do texto.”

“Não se pode tratar o gênero de discurso independentemente de sua realidade social e de sua relação com as atividades humanas.”

“(...) não devemos imaginar que a distinção entre gênero e tipo textual forme uma visão dicotômica, pois eles são dois aspectos constitutivos do funcionamento da língua em situações comunicativas da vida diária.”

“gêneros (...) entidades comunicativas em que em que predominam os aspectos relativos a funções, propósitos, ações e conteúdos.”

“(...) os gêneros são formas verbais de ação social estabilizadas e recorrentes em textos situados em comunidades de práticas em domínios discursivos específicos.”

“A tendência hoje é explicar como eles se constituem e circulam socialmente.”

(a)    “Gêneros autorais”
(b)   “Gêneros rotineiros”
(c)    “Gêneros conversacionais”

2.5 Gêneros textuais como sistema de controle social ( pp: 161-163)

“Pode-se, pois, dizer que os gêneros textuais são nossa forma de interação e controle social no dia a dia.”

“Desde que nos constituímos como seres sociais, nos achamos envolvidos numa máquina sociodiscursiva. E um dos instrumentos mais poderosos dessa máquina são os gêneros textuais, sendo que de seu domínio e manipulação dependente boa parte da forma de nossa inserção social e de nosso poder social.”

“(...) parece possível dizer que a produção discursiva é um tipo de ação que transcende o aspecto meramente comunicativo e informacional.”

“O funcionamento de uma língua no dia a dia é, mais do que tudo, um processo de integração social.”

2.6 A questão da intergenericidade:
que nomes dar aos gêneros? (pp: 163-171)

“(...) os gêneros se imbrincam e interpenetram para constituírem novos gêneros.”

“A questão central não é o problema da nomeação dos gêneros, mas a de sua identificação.”

“No caso de mistura de gêneros, adoto a sugestão da linguista alemã Ulla Fix (1997: 97), que usa a expressão ‘intertextualidade tipológica’.”

“Pessoalmente, defendo a posição de que o livro didático é um suporte e não um gênero.”

2.7 A questão intercultural (pp: 171-173)

“O uso de provérbios tanto na oralidade como na escrita chinesa é um sintoma de boa educação.”

“(...) a linguagem é uma forma de ação e inserção social e cultural.”

2.8 A questão do suporte de gêneros textuais (pp: 173-186)

“(...) qual o papel do suporte na relação com os gêneros?”

“A ideia central é que o suporte não é neutro e o gênero não fica indiferente a ele.”

“Uma observação preliminar pode ser feita a respeito da importância do suporte. Ele é imprescritível para que o gênero circule na sociedade e deve ter alguma influência na natureza do gênero suportado.”

“O certo é que o conteúdo não muda, mas o gênero é sempre identificado na relação com o suporte.”

Definição de suporte:

(a)    “suporte é um lugar (físico ou virtual)”
(b)   “suporte tem formato específico”
(c)    “suporte serve para fixar e mostrar o texto”

“A ideia central é que o suporte não é neutro e o gênero não fica indiferente a ele.”

“Em princípio, toda superfície física pode, em alguma circunstância, funcionar como suporte.”

(a)    “a categoria dos suportes convencionais, típicos ou característicos, produzidos para essa finalidade.”
(b)   “a categoria dos suportes incidentais que podem trazer textos, mas não são destinados a esse fim de modo sistemático nem na atividade comunicativa regular.”

“ALGUNS EXEMPLOS DE SUPORTES INCIDENTAIS: os suportes aqui denominados incidentais são apenas meios causais e que emergem em situações especiais ou até mesmo corriqueiras, mas não são convencionais, como os apontados no item anterior. Ninguém nega que uma porta de banheiro porta textos, mas isso não é comum em todos os banheiros, com não é comum todas as pessoas terem seus corpos tatuados com inscrições ou que as calçadas, as paredes e os muros em geral estejam cheios de inscrições. É ininteligível que boa parte dos textos hoje em circulação pelos ambientes urbanos se acham nesses suportes incidentais. Tratemos deles aqui, já que não devem ser ignorados.”

2.9 Análise dos gêneros na oralidade (pp: 186-189)

“Tudo indica que existe um saber social comum pelo qual os falantes se orientam em suas decisões acerca do gênero de texto que estão produzindo ou que devem produzir em cada contexto comunicativo.”

“(...) os falantes dispõem de um ‘conhecimento específico sobre estruturas textuais globais’.”

“(...) os falantes lançam mão de conhecimentos de três grandes sistemas cognitivos para processar seus textos. Essas três esferas do saber são:”
i.                    saber linguístico
ii.                  saber enciclopédico.
iii.                saber interacional.

“Para Gülich (1986: 28), os interlocutores seguem em geral três critérios para designarem seus textos:”
a)      canal / meio de comunicação (telefone, telegrama)
b)      critério formais (conto, debate, contrato, ata, poema)
c)      natureza do conteúdo (piada, prefácio de livro, comentário)

2.10 A análise de gêneros textuais na relação fala e escrita (pp: 190-193)
“um dos traços frequentes no gênero é ‘um estoque comum de conhecimentos diários sobre normatividade e reputação social da atividade comunicativa e moldados pelos gêneros’.”

“Nesse caso, os gêneros são padrões comunicativos socialmente utilizados, que funcionam como uma espécie de modelo comunicativo global que representa um conhecimento social localizado em situações concretas.”

2.11 Domínios discursivos e gêneros textuais na oralidade e na escrita (pp: 193-196)

“(...) entendemos como domínio discursivo uma esfera da vida social ou institucional.”

“É justamente pelas distintas práticas sociais desenvolvidas nos diversos domínios discursivos que sabemos que nosso comportamento discursivo num circo não pode ser o mesmo que numa igreja e que nossa produção textual na universidade e numa revista de variedades não será a mesma.”

“Por fim, parece que hoje há mais gêneros textuais na escrita que na fala.”

2.12 Distribuição dos gêneros no continuum da relação fala-escrita (pp:196-198)

2.13 Os gêneros emergentes na mídia virtual e o ensino (pp:198-206)

“Em princípio, é possível concordar com Tom Erickson (1997), para quem o estudo da comunicação virtual na perspectiva dos gêneros é particularmente interessante porque ‘a interação on-line tem o potencial de acelerar enormemente a evolução dos gêneros’, tendo em vista a natureza do meio tecnológico e os modos como se desenvolve.”

“Pode-se dizer que o discurso eletrônico ainda se acha em estado meio selvagem e indomado sob o ponto de vista linguístico e organizacional.”

(1)   “são gêneros em franco desenvolvimento e fase de fixação com uso cada vez mais generalizado;”
(2)   “apresentam peculiaridades formais próprias, não obstante terem contrapartes em gêneros prévios;”
(3)   “oferecem a possibilidade de se rever alguns conceitos tradicionais a respeito da textualidade;”
(4)   “mudam sensivelmente nossa relação com a oralidade e a escrita, o que nos obriga a repensá-la.”

“Aspecto reiteradamente salientado na caracterização dos gêneros emergentes é o intenso uso da escrita, dando-se praticamente o contrário em suas contrapartes nas relações interpessoais não virtuais.”

2.14 A questão dos gêneros e o ensino da língua (pp: 206-208)

“Uma análise dos manuais de ensino de língua portuguesa mostra que há uma relativa variedade de gêneros textuais presentes nessas obras.”

“(...) há ainda a visão de hoje comumente e tão claramente defendida por Bakhtin (1979), que aponta os gêneros textuais como esquemas de compreensão e facilitação de ação comunicativa.”

2.15 Visão dos PCNs a respeito da questão dos gêneros (pp: 208-209)

circulam na escola a respeito da relação entre modalidade oral e escrita (é) imaginar a escrita como mera transposição do oral, ou tratar as especificidades de cada modalidade como polaridades.”

2.16 Gêneros textuais na língua falada e escrita de acordo com os PCNs (pp: 209-211)

“O que se nota é que há muito mais gêneros sugeridos para a atividade de compreensão do que para a atividade de produção. Isto reflete em parte a situação atual em que os alunos escrevem pouco e em certos casos quase não escrevem. Parece que produzir textos é uma atividade ainda pouco conhecida e mais conhecida é a que diz respeito à compreensão. As atividades relativas à compreensão são sempre em maior número.”

2.17 Os gêneros textuais em sala de aula: as “sequências didáticas” (pp: 211-221)

“Para possibilitar a comunicação, toda sociedade elabora formas relativamente estáveis de textos que funcionam como intermediários entre o enunciador e o destinatário, a saber, gêneros.”

1)      os conteúdos que se tornam decidíveis no gênero;
2)      a estrutura comunicativa particular dos textos que pertencem ao gênero.;
3)      as configurações específicas de unidades linguísticas como traços da posição enunciativa do enunciador, os conjuntos particulares de sequências textuais e de tipos discursivos que formam essa estrutura.

Procedimentos envolvidos no modelo das sequências didáticas

(a)    Primeiro vem uma apresentação inicial da situação em que é formulada a tarefa a ser desenvolvida pelos alunos. Defini-se a modalidade de: se escrita ou se oral.
(b)   A primeira dimensão da proposta leva em conta o projeto coletivo para a produção do gênero a ser trabalhado. Aqui se decide qual o gênero a ser produzido, para quem ele é produzido, qual a sua modalidade; a forma que terá a produção: se para rádio, televisão, papel, jornal, etc.
(c)    A segunda dimensão diz respeito aos conteúdos a serem desenvolvidos. Isto deve ter relação com o gênero e pode exigir alguma pesquisa que deve ser feita em classe.

2.18 A proposta de Bronckart (pp: 221-223)

“O trabalho com gêneros é interessante na medida em que eles ‘são instrumentos de adaptação e participação na vida social e comunicativa’.”

Bibliografia:
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais e ensino. In: Produção textual: análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Perspectiva Editorial, 2008. pp. 144-225.


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